28.6.11

(Re)Descoberta

Meus olhos acompanham plácidos a cidade que se torna pequena abaixo do grande pássaro de aço branco que me carrega para (não tão) longe dali... E é meu pensamento que voa. Disperso, dando cambalhotas no ar entre coisas e pessoas que se passaram nos últimos dias, semanas... meses.Foram meses mesmo...?

Será que eu estava dormindo? Por que a sensação que tenho é que aquele vôo me despertou. Levanto-me, sorrio de volta para a mulher a minha frente balançando a cabeça como quem diz obrigada...Passo pelo saguão.. Encontro a saída ( eu sempre encontro as saídas..). O homem que dirige o carro que me leva diz algumas coisas e eu respondo monossilábica..distraída pelas luzes e pelas minhas expectativas.

Minutos depois,ouço vozes familiares. Bate um conforto. Me abrem a porta e e eu a atravesso como quem adentra o passado. Um passsado lúcido e não saudosista. Eu precisava daquilo, penso. Eu precisava daqueles abraços, das palavras trocadas, de elogios, de silêncio cúmplice (daqueles que só muito "conhecer do outro" é capaz de proporcionar) e de algumas "broncas" e observações que me chamassem de volta a mim.

Agora volto.Volto e vejo que rever antigos amigos é como um ritual de preservação do ser.(Etendendo ser como a essência). Melhor ainda se acrescido à esse ritual houver um cenário diferente do habitual... por que mesmo as coisas conhecidas podem eventualmente ser descobertas por novos ângulos...
Foi isso que aconteceu. Eu fui àquele lugar, que poderia muito bem ser qualquer outro do planeta, inclusive a minha casa, para resgatar sem pressa algumas coisas minhas.. a minha "interessância" - como diria uma outra amizade minha...

Aquela era eu. Ela (é) parte (do) hoje. Aquela de muitas caras e bocas.. e poucas palavras ditas, muitas pensadas. De olhos atentos.. bem abertos.. como a lente da minha nova câmera à captura do mundo, do todo.. de tudo que eu puder saber e conhecer e sempre e mais.Desde esquações à canções, psicologia,poesia e gente.
E meus lábios desenham um sorriso não mais cansado e forçado, mas que presenteia com graça momentos e pessoas que sabem-lo provocar. E quem vê beleza em mim sempre disse que foi essa sede (des)pretensiosa de me prender e me partir no e do mundo que me fez bela a meu modo.
A cidade de repente virou num sítio à ser explorado.. cheio de signos e significados e histórias e esquinas... cada uma liderando à um abismo de ar quente em meio ao frio, que ao contrário da queda, proporciona a leveza (insustentável?). Sim, talvez, mas renovável..certamente.
Não mais me preocupo tanto com o que podem pensar dos meus defeitos. S e J me lembram disso e brigam comigo se eu sequer esboçar dúvida quanto à segurança de ser gostada como eu sou e cair na tentação de querer me mudar para os outros ou seguir manuais genéricos do senso comum genérico que tenta impor previsiblidade às coisas mais imprevisíveis. Isso me lembra que muita gente acha que prever é assegurar.. quanta tolice... Ou talvez não.. talvez eles me achem tola quando eu decidi, lá atràs, que as minha grande segurança seria aquela de PODER ser insegura,caso eu precissasse.... ("por que todo mundo o é").

Me invade o peito uma gratidão enorme pela minha vida e pelos coadjuvantes.. Essa história aqui narrada - que mais é um fluxo de consiência do que uma história - não tem um fim certo.. não é um roteiro.. mas tem uma grande moral: a de não me acomodar, comigo, com os outros, com as insatisfações, com a cidade, com os desejos.. com a determinação...

5 comentários:

Daniel Simon disse...

É verdade, pessoalmente fico muito mexido quando mudo de ambiente. É como se questões antigas, que poderiam "ser bobas" ou "superadas", voltassem a tona.

Então, vc percebe, que não há nada bobo, apenas referenciais diferentes.

C. Luke Drácula disse...

Boa reflexão.

pequena disse...

Tenho saudades dos dois. Lucas, não me esqueci de 1º de junho; Beijos

S disse...

=)

Rhayane Werneck disse...

cá estou, agora :)