15.11.08

Silêncio tem som de sirene

É noite.Ela se encontra só na sua cama,no escuro.A cidade dorme.Ele,mudo e poderoso,vem invadí-la.Para depois arrastá-la ao encontro do qual ela tanto foge: aquele com ela mesma.

Não há silêncio pleno.Tampouco há plenitude.Ambos só se encontram na morte,pensou ela.Assim,quando estamos sós,conosco,viemos a nos escutar,a escutar perfeitamente nossos pensamentos,medos,receios,desejos ardentes,raivas e planos.Que como um alarme às cinco e meia da matina vem nos acordar feito tapa na cara e nos levar ao dia,à realidade,à lucidez em seu estado mais primário.Um alarme estridente,denunciante. - Silêncio..silêncio tem som de sirene.E, "alarmante" ele é para nossa condição de seres que vivem,seres que pensam,seres que sentem.

Descobrimos que os demônios não vivem do lado de lá,eles se enterram profundamente onde podem se esconder e é nesses silêncios noturnos é que eles saem e aparecem para nos assombrar.Dentro de um cofre ou no fundo do oceano,imersos no líquido mãe,ainda nos sentiremos vulneráveis."Todos nós temos cicatrizes,mas nós não gostamos de mostrá-las",nem de vê-las.

De medos e cansaços,ela depois endormeçe.
E acorda,vai viver de novo o dia e a noite.