16.12.11

Desabafo (ou Lettre à Lucas)

Há dias em que escrevo com a mesma agressividade com que bato. Ah! Pois agora faço aulas de boxe. Você foi embora em junho... não poderia saber. Em geral é quando eu me sinto agredida.Hoje é um desses dias. Na verdade é noite aqui. São 23h15 de uma sexta-feira.. não estou na Lapa como outrora.. nem onde gostaria de estar.

Acabo de atravessar a porta do meu apartamento (que, bem sabemos, nunca foi meu.. e digo-lhe, não sei mais por quanto tempo o será) aos prantos quase. Estou vindo "de l´apéro" de uma mulher que frequenta a sociedade francesaradicada no Rio (figure: ela é amiga da Bebel Gilberto, do Vincent Cassel e do Claude Troisgros! Foi sócia da "Yes Brasil" e conheceu figuras como Cazuza e outros..) Mordo os lábios para não chorar. Não sei o que me doma esses dias.. não me sinto eu e,portanto, não me sinto melhor também. É o nosso inferno astral que chega. Sempre me agradou o fato que temos aniversários tão próximos e que tendo um olhar sobre o mundo muito próximo ao meu pudesse me entender e me acolher...fosse para as alegrias, fosse para as tristezas. (Onde será e o que será que você está fazendo agora, hein?). Eu não queria ser densa assim, como diria uma amiga minha parodiando uma mãe de amiga dela "as coisas estão mais na superfície". Mas eu sou.. e meu sentimento é forte.. tão forte que às vezes há quem não consiga o pegar no colo nem por uns instantes. (Se bem que isso é só mais uma expectativa minha... que as pessoas nas quais conto pudessem fazer isso. Conto mesmo comigo.. mas.. e se eu não estiver bem sequer para mim mesma.. em quem contar?).
Expectativas estragam a vida. E não tê-las?

Há também o fato que os franceses .. a minha família hospedeira esteja aí e à mercê das expectativas deles eu fico.. e fico mal, pois em plenas férias de verão a me despedir dos 20 anos..tudo o que menos quero são perguntas, ssão observações, são horários e obrigações. Por um outro lado.. por que mesmo que eu me submeto à isso? Por gratidão.. já nem sei mais.. Talvez há quem se deixe ser agiotado por afeto...E os agiotas apenas se aproveitem das situações.
Detesto ter que ouvir as mesmas hitórias com as mesmas intonações...com as mesmas intenções.. que vez em sempre machucam. Chega o tempo de mudar. Chega o tempo de eu mudar... mais uma vez... ainda que meus problemas venham comigo. Falando em problemas..as coisas na minha família não andam muito bem, mas não quero entrar no assunto.

Te invejo por que da última vez que nos falamos me contastes que passaria o Natal sozinho. É só mais uma grande convenção mesmo... De qualquer maneira vou lhe revelar um desejo: quero um Natal com minha família eleita..sim, eleita pois será minha família de amigos. Eu gosto de receber...eu os vejo (você e mais uma dúzia de bons amigos meus) a chegar em minha casa com vinhos ou bebidas..eu estarei morando em Nova Iorque.. nos rimos, implicamos uns com os outros, nos ajudamos com os pratos e não haverá bbnecessidade de tantas tradições, nem de pratarias ou teatros. Caminhamos no frio agradável depois a ver as luzes da cidade.. e depois adormeço. Não lembro mais como continua...

Emfim.

Sinto Saudades e sinto-me só. Nem alegre, nem triste.. só.. e perdida, mas plena. Me explique isso, por favor?

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